quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Beleza a todo custo

1ª princesa Miss Plus Size DF, Barbara Frossard
Não é de hoje que as pessoas buscam se adequar a padrões de beleza que a própria sociedade impõe. Basta observar os resultados da pesquisa Data Folha divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) de 2009. Dentre as 366 pessoas entrevistadas, 73% delas desejavam mudar algo no corpo. Dessas, 22% se submeteram a cirurgia de aumento da mama e 20% a lipoaspiração. E por que será que as pessoas querem tanto mudar?

Segundo a psicóloga Gabriella Ciardullo, 31 anos, o principal motivo de uma pessoa estar em desacordo com o próprio corpo é a comparação. “A gente vive num comparativo de beleza muito exigente, onde a imagem dos artistas, modelos e famosos se tornam o ideal”, explica. A especialista ressaltou que o senso comum da sociedade se baseia nessa idealização. “As pessoas cultuam tanto a imagem perfeita que acabam procurando por formas extremas de buscar isso”, aponta.

Dietas radicais, remédios milagrosos, tratamentos estéticos e cirurgias são algumas das técnicas utilizadas pelas pessoas, seja para perder peso ou fazer alguma mudança corporal. Gabriella explicou que os métodos ajudam por um período. “Nessa busca rápida, a pessoa pode até alcançar o objetivo, mas é necessário realizar mudanças comportamentais também”, disse. Ela explica que a probabilidade de voltar a engordar, por exemplo, é grande. “Antes de se expor a algum método radical, é necessário mudar a forma de pensar em relação ao alimento”, aconselha.

Ao comentar o procedimento de redução de estômago, a especialista é categórica: “Engordar para fazer uma cirurgia pode afetar a saúde física e mental. A pessoa se acostuma a comer muito”, explica Gabriella. Foi exatamente o que aconteceu com Yara Daher que faleceu aos 43 anos, após engordar 10 quilos para se submeter a uma bariátrica. “Assim que terminou a cirurgia, ela se alimentou e essa atitude desencadeou uma infecção”, lamenta o filho Rafael Daher, 21 anos.

Transtornos alimentares

A psicóloga Gabriella Ciadurllo, ressalta que existe um transtorno psicológico caracterizado pela preocupação obsessiva com algum defeito inexistente ou mínimo na aparência física. “Por mais que você esteja magro, você enxerga que está fora do peso”. Esse transtorno é conhecido como distúrbio de imagem.

Nessa visão distorcida de si mesmo, são desencadeados os transtornos alimentares como a anorexia nervosa – busca pela perda de peso, com um excessivo medo de engordar -, bulimia nervosa – compulsão alimentar que vem acompanhada de métodos inadequados para controle de peso como vômitos, dietas radicais -, vigorexia – culto ao corpo malhado.

A estudante Denise Santos, hoje com 20 anos, revela que aos 14 sofreu de anorexia. Ao tomar a decisão, encontrou apoio em uma comunidade de uma rede social que fazia apologia ao transtorno. “Quando eu pensava em comer algo, pedia conselhos das pessoas que faziam parte do grupo”, disse. Em apenas três meses, a estudante perdeu 25 quilos. Ela tinha consciência que o método era errado, mas o medo de voltar a engordar era maior.

 “As pessoas devem entender que cada um tem o seu biotipo e que cada caso é um caso”, aconselha Gabriella. Segundo ela, quem quer resultados de forma saudável, deve procurar uma equipe multidisciplinar que conte com nutricionista, psicólogo, endocrinologista e educador físico.

Padrão de beleza em mudança

Os concursos para eleger as modelos Plus Size são semelhantes aos tradicionais concursos de beleza, a diferença está no tamanho do manequim das modelos que deve ser acima do 44. A competição veio para quebrar os preconceitos e mostrar que existe beleza de todas as formas. “É uma oportunidade de mostrar que nós ‘gordinhas’, podemos ser tão bonitas quanto as ‘magrinhas’”, ressalta a empresária Barbara Frossard, 29 anos, eleita 1ª Princesa Miss Plus Size em uma disputa no Distrito Federal.

Barbara fez terapia durante 10 anos, pois sofria preconceito por não ter o corpo “ideal”. “Eu não conseguia me aceitar. Minhas amigas eram magras e eu não. Sofri até entender que jamais seria magra, pois não era do meu biotipo.”, conta. Hoje em dia, Barbara tem boa autoestima e com a criação das modelos Plus Size, melhorou ainda mais. “O modelo de beleza está mudando”, avalia.

Publicada no jornal Alô Brasília no dia 09/12/2012.

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