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1ª princesa Miss Plus Size DF, Barbara Frossard |
Não é de hoje que as pessoas buscam se adequar a padrões de beleza que a
própria sociedade impõe. Basta observar os resultados da pesquisa Data
Folha divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
de 2009. Dentre as 366 pessoas entrevistadas, 73% delas desejavam mudar
algo no corpo. Dessas, 22% se submeteram a cirurgia de aumento da mama e
20% a lipoaspiração. E por que será que as pessoas querem tanto mudar?
Segundo a psicóloga Gabriella Ciardullo, 31 anos, o principal motivo de
uma pessoa estar em desacordo com o próprio corpo é a comparação. “A
gente vive num comparativo de beleza muito exigente, onde a imagem dos
artistas, modelos e famosos se tornam o ideal”, explica. A especialista
ressaltou que o senso comum da sociedade se baseia nessa idealização.
“As pessoas cultuam tanto a imagem perfeita que acabam procurando por
formas extremas de buscar isso”, aponta.
Dietas radicais, remédios milagrosos, tratamentos estéticos e cirurgias
são algumas das técnicas utilizadas pelas pessoas, seja para perder
peso ou fazer alguma mudança corporal. Gabriella explicou que os métodos
ajudam por um período. “Nessa busca rápida, a pessoa pode até alcançar o
objetivo, mas é necessário realizar mudanças comportamentais também”,
disse. Ela explica que a probabilidade de voltar a engordar, por
exemplo, é grande. “Antes de se expor a algum método radical, é
necessário mudar a forma de pensar em relação ao alimento”, aconselha.
Ao comentar o procedimento de redução de estômago, a especialista é
categórica: “Engordar para fazer uma cirurgia pode afetar a saúde física e
mental. A pessoa se acostuma a comer muito”, explica Gabriella. Foi
exatamente o que aconteceu com Yara Daher que faleceu aos 43 anos, após
engordar 10 quilos para se submeter a uma bariátrica. “Assim que
terminou a cirurgia, ela se alimentou e essa atitude desencadeou uma
infecção”, lamenta o filho Rafael Daher, 21 anos.
Transtornos alimentares
A psicóloga Gabriella Ciadurllo, ressalta que existe um transtorno
psicológico caracterizado pela preocupação obsessiva com algum defeito
inexistente ou mínimo na aparência física. “Por mais que você esteja
magro, você enxerga que está fora do peso”. Esse
transtorno é conhecido como distúrbio de imagem.
Nessa visão distorcida de si mesmo, são desencadeados os transtornos
alimentares como a anorexia nervosa – busca pela perda de peso, com um
excessivo medo de engordar -, bulimia nervosa – compulsão alimentar que
vem acompanhada de métodos inadequados para controle de peso como
vômitos, dietas radicais -, vigorexia – culto ao corpo malhado.
A estudante Denise Santos, hoje com 20 anos, revela que aos 14 sofreu
de anorexia. Ao tomar a decisão, encontrou apoio em uma comunidade de
uma rede social que fazia apologia ao transtorno. “Quando eu pensava em
comer algo, pedia conselhos das pessoas que faziam parte do grupo”,
disse. Em apenas três meses, a estudante perdeu 25 quilos. Ela tinha
consciência que o método era errado, mas o medo de voltar a engordar era
maior.
“As pessoas devem entender que cada um tem o seu biotipo e que cada
caso é um caso”, aconselha Gabriella. Segundo ela, quem quer resultados
de forma saudável, deve procurar uma equipe multidisciplinar que conte
com nutricionista, psicólogo, endocrinologista e educador físico.
Padrão de beleza em mudança
Os concursos para eleger as modelos Plus Size são semelhantes aos
tradicionais concursos de beleza, a diferença está no tamanho do
manequim das modelos que deve ser acima do 44. A competição veio para
quebrar os preconceitos e mostrar que existe beleza de todas as formas.
“É uma oportunidade de mostrar que nós ‘gordinhas’, podemos ser tão
bonitas quanto as ‘magrinhas’”, ressalta a empresária Barbara Frossard,
29 anos, eleita 1ª Princesa Miss Plus Size em uma disputa no Distrito
Federal.
Barbara fez terapia durante 10 anos, pois sofria preconceito por não
ter o corpo “ideal”. “Eu não conseguia me aceitar. Minhas amigas eram
magras e eu não. Sofri até entender que jamais seria magra, pois não era
do meu biotipo.”, conta. Hoje em dia, Barbara tem boa autoestima e com
a criação das modelos Plus Size, melhorou ainda mais. “O modelo de
beleza está mudando”, avalia.
Publicada no jornal Alô Brasília no dia 09/12/2012.